Silvana Correia
-Astrologia
-Constelacões
Familiares
Importa primeiro clarificar, e uma vez que menciono a mitologia associada a cada planeta/ponto, que um tema mitológico é também astrológico uma vez que os seus símbolos estão intimamente entrelaçados e representam arquétipos que carregamos. Dizem respeito a estruturas psíquicas que são semelhantes a todos os seres humanos. Representam um inconsciente colectivo representadas por um conjunto de arquétipos e que são “imersos” em nós aquando a nossa primeira respiração neste plano. Estes dão origem ao nosso inconsciente pessoal, bem como a traços de personalidade.
A Deusa Vénus — a deusa do amor na mitologia grega, ou deusa Afrodite — na mitologia Romana, é uma das divindades mais emblemáticas da antiguidade. Segundo o mito, Vénus nasceu do sangue que jorrou dos testículos cortados de seu pai Úrano. Estes, ao caírem no mar misturando o sémen com as águas, fecundou Gaia gerando Vénus. Da espuma, e vinda numa concha, emergiu a belíssima Vênus. Assim que chegou ao Olimpo, foi admirada e invejada pela sua beleza. Ela foi adorada como a deusa do amor e do prazer. Vibração doce e alegre, possuidora de uma energia magnética, sensual e erótica, coloca-nos a um outro nível da natureza feminina.
Na astrologia, o planeta Vénus, revela padrões de segurança, valores pessoais e necessidades de nutrição. Representa a estética, a arte, a busca impulsiva pelo prazer, harmonia, amor e beleza. Representa as características femininas emocionais, sexuais e sociais — das mulheres e dos homens. Fala-nos do equilíbrio do feminino em nós. Vênus governa o signo de touro e balança. Onde está posicionada a “sua Vénus” no seu mapa natal? Quais são os contactos energéticos que ela estabelece com outros planetas? Dar “luz” à sua Vénus, é dar luz ao “seu” feminino. É entender os seus impulsos no amor, nas relações, no mundo da beleza, é mergulhar no lado belo que a nutre e que a faz sentir desejada e em equilíbrio como mulher/amante.
Na mitologia do Egito, a Lua é Isis, a mãe da Terra. Protegia as crianças, o parto, a agricultura. Era mãe conselheira e guardiã dos deuses. Na mitologia Grega, a Lua era representada por Selene. Selene representa todas as fases da Lua e estava relacionada ao nascimento, crescimento, fertilidade e ao falecimento.
Um dos símbolos clássicos do feminino é a Lua. Na astrologia, enquanto o Sol representa o Yang, a nossa natureza masculina e o consciente, a Lua representa o Yin, a nossa natureza feminina e o inconsciente. Personifica a maternidade, portanto o fundamento e a base da existência. O Sol cria, contudo é a Lua que dá forma à sua criação. O Sol é a semente que precisa ser fecundada na Lua para se manifestar. É a mãe. É um símbolo da fecundidade e de ciclos. A Lua, figura o princípio do feminino, a nossa infância, o nosso lar materno e a nossa mãe. Fala de sensibilidade, raízes, afetividade e nutrição. Revela as nossas memórias, a nossa natureza, o que nos motiva, nossas necessidades profundas, inteligência intuitiva, a forma como expressamos as nossas emoções e as nossas inseguranças mais profundas. A Lua governa o signo de caranguejo. Onde está posicionada a sua Lua no seu mapa natal? Em que signo? Que contactos estabelece com outros planetas? O terreno — signo, onde as “raízes” da “sua” Lua cresce, representa o terreno de onde o seu subconsciente se nutre para o seu crescimento emocional equilibrado.
Tomando por base o tema central do artigo, no mapa de uma mulher, a Lua irá representar a sua fertilidade - ovários, útero e seios, e a sua personalidade como mãe e mulher. Consideremos, como exemplo, o caso de uma mulher que foi abandonada pelo seu companheiro. Refletindo, muitas vezes um padrão, pode reagir emocionalmente com medo e com mágoa, considerando que todos os homens têm comportamentos menos “correcto”. Na verdade, essa mulher poderá estar a atrair situações modelo para curar memórias dos seus sentimentos — Lua. Há uma retenção de padrões de comportamento, de memória. Compreender a “sua” Lua, é compreender as suas raízes e o seu passado emocional.
Lilith ou por muitos identificada como Lua Negra, não é um corpo celeste, mas um ponto astronômico correspondente ao grau do apogeu — ponto orbital mais afastado em relação à Terra, da órbita lunar projectado na eclíptica zodiacal. Corresponde, portanto, ao que simbolicamente podemos designar pela “a sombra da Lua”.
Na mitologia hebraica, Lilith foi a primeira mulher criada por Deus para fazer companhia a Adão, entretanto ela insurgiu-se e fugiu do paraíso. Ela era vista como uma mulher de carácter maléfico, que transgride e é obscena. Tal como a Lua, ela tem uma natureza mágica, enigmática e difícil de ser ignorada. Na verdade, lilith surge como um símbolo do empoderamento da mulher reprimida por séculos de patriarcalismo.
Na astrologia, a Lilith representa a sombra, o feminino, a líbido primitiva e instintiva. Apresenta “energias” mais desafiadores, inconscientes e mais inacessíveis do ser e que pode eclipsar o racional. A área de experiência do mapa astrológico natal, ou a qualidade arquetípica — signo, no qual ela se situa, é a área de vida no qual o individuo vive um sentimento inexplicável de frustração. Assim sendo, Lilith no mapa pode “provocar” crises, transtornos emocionais e inseguranças. O indivíduo é impelido a desapegar-se e a curar determinada energia. A energia perturbadora e magnética da Lilith — a Lua negra, leva-nos a mergulhar nos nossos demônios interiores que vagueiam no mundo da noite e no mundo do subconsciente.
Vénus, Lua e a Lilith, as três faces do feminino no mapa natal, revela-nos, e tomando por base apenas o tema central do artigo, uma matriz energética que representa o feminino em nós em diferentes papéis. Ao entender as dinâmicas destas energias cósmicas no seu mapa natal, empodera-a (o) no sentido em que a (o) torna consciente do porquê de diferentes acontecimentos ou “estados de alma” na sua vida. A título de exemplo, vai compreender porque vive as relações de uma determinada forma? Porque tem necessidades de determinados prazeres? Porque atrai os mesmos padrões nas relações? Porque é tão intensa (o)? Porque é tão compulsiva (o) e muitas vezes vulnerável? Porque tem medo de assumir desejos? Entre outros.
Como verificado, a estrutura zodiacal é universal, porém, a qualidade, a forma como vivemos estas energias, é individual. A posição dos planetas, e suas variáveis, particulariza a experiência que num plano maior é arquetípica. O mapa natal é como uma semente que já contém em si um plano de desenvolvimento potencial e que será revelado em diferentes períodos através dos trânsitos e progressões — técnicas astrológicas, durante a vida de um indivíduo. Somos uma semente em crescimento e desenvolvimento.
Somos vítimas desta matriz energética feminina impressa em nós que se revela numa determinada personalidade, num determinado perfil psicológico? Neste âmbito, Dane Rudhyar, astrólogo incontornável do inicio do sec XX , profundamente influenciado pelos ensinamentos de Jung - precursor da Psicologia Transpessoal, apresenta uma nova dimensão do estudo da astrologia - a Astrologia Humanista. A astrologia centrada na pessoa e não no evento. Segundo o mesmo, “se as acções de uma pessoa atendem sempre a necessidades profundas sentidas por ela, e originárias de seu próprio inconsciente, a astrologia deveria ser utilizada para facilitar a descoberta dessas necessidades profundas”. Rudhyar foi revolucionário ao introduzir uma nova abordagem filosófica na astrologia a partir de conhecimentos psicológicos. Numa perspectiva evolutiva, o mesmo refere aquilo que eu entendo ser dos aspectos mais relevantes na leitura de uma mapa astrológico, o individuo passa a entender as forças inconscientes exercidas pela energia cósmica que habita em si e que “dirigem” seu comportamento. A ênfase é colocada mais no universo interno da pessoa e menos no acontecimento. Neste sentido, ele coloca o individuo como alguém que pode “exercer” poder sobre uma energia que aparentemente o “comanda” quase como se fosse uma fatalidade do destino restando apenas esperar “o acontecimento” chegar. Na verdade, tendo por base a Astrologia Humanista de Rudhyar, as forças planetárias indicam apenas um potencial que ocorreria face a um sistema próprio — personalidade. Como afirma Sri Yuktéswar, mestre de Yogananda: ”Astrologia é o estudo das reações do homem aos estímulos planetários. Os astros não têm qualquer benevolência ou aversão consciente; eles meramente enviam radiações positivas ou negativas. Ele pode transcender qualquer limitação, em primeiro lugar, porque possui recursos espirituais que não estão sujeitos à pressão planetária”. Respondendo à questão previamente colocada, não, não somos vítimas, somos co-criadores de uma nova energia em nós. Viver as diversas faces do feminino em nós é transcender as forças energéticas desafiadoras do mapa natal. Esse é o desafio no qual nos propusemos a um outro nível.
Tendo por base a temática da revista, apresentamos a selenite como sendo um cristal indicado para equilibrar a energia da Lua No sentido de harmonizar a energia da Lilith, o cristal granada surge como um apoio no equilíbrio da energia sexual. Sobre o planeta Vénus, o quartzo rosa apresenta-se como um excelente cristal que permite trabalhar o amor em nós. Beneficiar destes presentes da Mãe Terra, no sentido de harmonizar as energias cósmicas que “navegam” em nós, é viver, para mim, o lado mais belo do feminino — a nutrição, o amor e a beleza.
Vénus, Lua e a Lilith, as três faces do feminino no mapa natal, revela-nos, e tomando por base apenas o tema central do artigo, uma matriz energética que representa o feminino em nós em diferentes papéis. Ao entender as dinâmicas destas energias cósmicas no seu mapa natal, empodera-a (o) no sentido em que a (o) torna consciente do porquê de diferentes acontecimentos ou “estados de alma” na sua vida. A título de exemplo, vai compreender porque vive as relações de uma determinada forma? Porque tem necessidades de determinados prazeres? Porque atrai os mesmos padrões nas relações? Porque é tão intensa (o)? Porque é tão compulsiva (o) e muitas vezes vulnerável? Porque tem medo de assumir desejos? Entre outros.
Como verificado, a estrutura zodiacal é universal, porém, a qualidade, a forma como vivemos estas energias, é individual. A posição dos planetas, e suas variáveis, particulariza a experiência que num plano maior é arquetípica. O mapa natal é como uma semente que já contém em si um plano de desenvolvimento potencial e que será revelado em diferentes períodos através dos trânsitos e progressões — técnicas astrológicas, durante a vida de um indivíduo. Somos uma semente em crescimento e desenvolvimento.
A Linguagem do Feminino na Astrologia
Vénus, Lua e Lilith
Link da Revista - APC - Associação Portuguesa de Cristaloterapia
https://issuu.com/joana144/docs/apc_magazine__4_2017
10 de Dez. de 2017
Há um jogo de forças que “opera” no nosso ADN e que traduz uma linguagem cósmica misteriosa e profunda. Quando falamos da linguagem do feminino na astrologia, falamos da energia que habita em nós através da Vénus, Lua e Lilith — Lua negra. Falamos de uma matriz energética cujo potencial de acção pode, e o “convite” é esse, pode ser harmonizada, aprofundada e/ou potenciada pelas nossas dinâmicas próprias — conscientes e inconscientes.
Por: Silvana Correia