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Foto do escritorSilvana Correia

A Terra (In)segura

A Terra é grande o suficiente para atender às necessidades de todos, mas sempre demasiado pequena, para a ganância de alguns.” (Mahatma Gandhi). A Humanidade tem sido convidada a reflectir sobre múltiplos assuntos ou questões, como sobre a ganância de alguns, que desconsideram o bem comum; o sentimento dominador sobre o que se julga passível de ser dominado, possuído, controlado; o sentido e valor da segurança num mundo em profunda transformação; a relação que o ser humano estabelece com o meio ambiente – planeta Terra; a que estabelece com o mundo material, com aquilo que aparentemente dá a sensação de segurança. Neste ponto, introduzo a temática da Astrologia.

Júpiter, a 16 de Maio, ingressa para uma nova frequência. Touro, a transitar em Touro até 25 de Maio de 2025, impulsionando a Humanidade a experiênciar na matéria, na vida concreta, a partir de uma visão mais elevada, estes e outros temas. Temas que estarão iluminados pela luz da consciência — Júpiter. Júpiter – Zeus, na mitologia grega – é considerado o "grande benéfico". Simboliza a grande amplitude de visão, perspectiva mais elevada, expansão de horizontes, dando-nos uma lente maior através da qual podemos olhar e sentir o mundo. É a consciência livre da ilusão. Ele é o grande filósofo. Rege as leis, a ética, as religiões, os povos, as nações. Num olhar sábio, relaciona-se com a necessidade da busca de sentido da/para a vida. Simboliza a boa fortuna, as grandes oportunidades de crescimento. É o grande benfeitor. Contudo, na sua expressão sombra, é excessivo, arrogante, sem limites e insaciável. Touro é a primeira Terra do Zodíaco, lado tangível, material da vida. Touro é lento, constante, rígido, adora o prazer, o sensorial e o belo da vida – alimentação, conforto, tranquilidade. É a manifestação da realidade física, sendo muito pragmático e objectivo, porém, se vibra no medo, possessivo, superficial, valorizando-se pelo que possui. É o signo que nos convida a olhar para o corpo, a voltar para a Terra. Há uma relação profunda com o orgânico. Rege a comida, os recursos naturais, a agricultura, a culinária, a indústria alimentar, assim como o sistema financeiro e a materialidade da vida, na sua dimensão mundana. O famoso touro de bronze, na Wall Street, simboliza o mercado financeiro dos EUA. Na verdade, Touro ao reger o dinheiro e os recursos é o símbolo perfeito para representar o mundo financeiro. Entende o que sustenta a vida. A manifestação negativa de Touro é a fome, a escassez, a incerteza, a pobreza, a perda de valores, o controle da propriedade.


O lado sombrio de Júpiter em Touro poderá manifestar-se, de formas bem mais expressivas, na ganância de alguns ao controlar e tomar posse dos recursos. Assistiremos a empresas, ou pessoas singulares, a adquirir colossais propriedades com propósitos obscuros. Veremos leis a serem alteradas visando validar acções tidas por grandes corporações e governos, que pretendem o controle dos recursos – dinheiro, Natureza, terra, pessoas, empresas. Testemunharemos, com mais expressão, a oscilações de preços das matérias primas: energia, recursos naturais, como o petróleo, assim como os alimentos.


Lembrar que, aquando a ingressão de Júpiter em Touro, Júpiter faz quadratura com Plutão, ângulo desafiador. Plutão, o grande mestre das trevas, das crises. Regenerado, é a entrega da vontade do Homem à vontade de Deus. Plutão, na sua expressão sombra, simboliza tirania, corrupção, controle, figuras de poder que influenciam governos, grandes corporações, o que opera por trás da cortina, ou seja, há um terreno carregado que fomenta abusos de poder, uma corrupção que visa dominar os recursos – individuais e colectivos. Júpiter em Touro acelera transformações no mundo financeiro, nas posses, podendo ocorrer mudanças radicais que comprometem a confiança sobre as instituições financeiras. Júpiter simboliza a boa fortuna, as grandes oportunidades de crescimento, porém, ele expande, ele dá luz à energia que encontra, e o que encontra é titânico, explosivo e inesperado. Neste sentido, poderá ser violento para muitos e extraordinário para outros. Através da tecnologia, poderemos assistir ao controle da Humanidade, como no que diz respeito aos bens financeiros. Economias paralelas crescerão através da utilização de moedas digitais ou outras formas de troca. Lembrar que Saturno ingressou em Peixes a 6 de Março, onde transita até 13 de Fevereiro de 2026. Assim, para que possamos expandir no colectivo, na forma como nos conectamos à sabedoria da Terra, aos recursos, somos convidados a rendermo-nos a uma Força Maior, impulsionados a sair da ordem controlável para a diluição dos limites que aprisionam e castram – Saturno. Saturno faz descer à verdade para que, com a consciencialização e a integração na matéria, subamos na Espiral Evolutiva da Humanidade.

No ingresso de Júpiter em Touro, Júpiter faz conjunção ao Nodo Norte. O Nodo Norte é um polo magnético que seduz, uma vez que simboliza o novo, o ainda não atingido, o novo trilho para o crescimento da alma, da Humanidade, deste modo, esta conjunção projecta a Humanidade para a urgência de uma Nova Visão sobre a gestão dos recursos, e, a partir desse ponto, traz crescimento e abundância. Júpiter é o grande benfeitor, o grande visionário, porém, a Humanidade estará aberta a essa nova visão? Estaremos preparados para encarar as nossas sombras, os medos que nos fixam a um lugar, criando uma falsa segurança? Terá o ser humano visão, autodeterminção, para integrar o novo no seu modo de vida, na sua forma de ser e de estar? O desconhecido, a luz que assusta mas que seduz. Na verdade, vivemos tempos em que Saturno – Deus Kronos, em trânsito por Peixes –, é confrontado com os seus medos, o medo de perder o poder, os limites que pode controlar. Vivemos tempos em que o Céu que impulsiona a Humanidade para a dissolução das velhas estruturas, que não vibram na integridade, na ética, deste modo, estrutras que controlam o mundo material, ficarão mais expostas. Júpiter rege Peixes. Júpiter alude ao pensamento e visão mais elevada, convidando a uma integração dessa visão de uma forma humanista, compartilhada, inteira, a partir da qual nos conectamos a um nível universal, superior – visão aquariana. Em Touro, é confrontado com a primeira Terra do Zodiaco, realidade da Terra, a do mundo material.

A segurança da Terra nunca será colocada em causa, a Terra é um ser vivo, um auto organismo que se regenera no sentido de criar um ambiente físico-químico sempre em óptimas condições para a existência de vida no planeta. Contudo, a vida do Planeta não depreende haver condições para a existência da vida do Ser Humano, implica, antes, haver condições para a existência da sua própria vida – a da Terra. Como afirma Ailton Krenak, líder indígena: “A terra tem uma complexidade fantástica porque ela se autoregenera, então, não precisa de nós, humanos. Nós somos uma parte desse organismo fantástico, que nos dispensa. Assim como os dinossauros desapareceram – e ninguém está a sentir a falta de dinossauros –, nós podemos desaparecer e os outros organismos não vão sentir falta da gente.”


Silvana Correia Pubicado na REvista Espaço Aberto https://www.revistaespacoaberto.pt/artigo-detalhes.php?id=541

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